OIT - COVID-19

6.ª edição da monitorização da OIT sobre o COVID-19 e o mundo de trabalho

Estima-se que o rendimento global do trabalho tenha diminuído 10,7% ou 3,5 biliões de dólares nos primeiros 9 meses do ano devido à pandemia da COVID-19. São dados superiores aos estimados anteriormente pela OIT.

“As perdas nos salários, justificada com a redução do número de horas trabalhadas em todo o mundo, imposta pelo confinamento devastadoras em horas de trabalho causadas pela pandemia COVID-19 trouxeram uma queda ‘maciça’ nos rendimentos do trabalho dos trabalhadores em todo o mundo”, declarou a OIT na sua mais recente avaliação dos resultados da pandemia no mundo do trabalho.

Segundo a OIT a pandemia não afetou o rendimento dos trabalhadores por igual, as perdas são mais expressivas em países de rendimentos médios. Nos países de médio-baixo rendimento, chegaram a alcançar os 15,1%, enquanto nos países de rendimentos médio-altos rondaram os 11,4%. Países de muito baixo rendimento registaram perdas na ordem dos 10,1% e nos de rendimento elevado, a perda estimada é de 9%.

“A estimativa revista das horas de trabalho perdidas no segundo trimestre deste ano (quando comparado com o do quarto trimestre de 2019) é de 17,3%, equivalente a 495 milhões de postos de trabalho a tempo completo (tendo por base uma semana de trabalho de 48 horas), enquanto a estimativa anterior era de 14%, ou 400 milhões de postos de trabalho a tempo completo “, explica a OIT acrescentando que “no terceiro trimestre de 2020 esperam-se perdas globais de 12,1% de horas de trabalho (ou 345 milhões postos de trabalho a tempo completo)”.

De acordo com a situação de base, a Organização  prevê que as perdas mundiais de horas de trabalho neste momento sejam de 8,6% no quarto trimestre de 2020 (em contraste com este Outono de 2019), o que corresponde a 245 milhões de postos de trabalho a tempo inteiro. Isto é um aumento em relação à estimativa anterior da OIT de 4,9% ou 140 milhões de posto de trabalho a tempo inteiro. Uma das razões que a organização aponta para estes aumentos prende-se com o facto de serem os trabalhadores das economias em desenvolvimento e emergentes os mais afetados nesta crise, especialmente os da economia informal, onde o impacto causado pela pandemia foi maior do que em crises passadas. “Também se observa que a redução das perdas em horas de trabalho se deve muito mais à inatividade do que ao desemprego, com importantes implicações nas políticas que devem ser postas em prática”, esclarece a OIT.

Embora muitas medidas restritivas de encerramento dos locais de trabalho tenham sido atenuadas, existem variações significativas entre regiões. Por exemplo, 94% dos trabalhadores vivem em países com algum tipo de restrições no local de trabalho, e 32% vivem em países onde todos os locais de trabalho se encontram encerrados, exceto os serviços considerados essenciais.

Este cenário, associado à possibilidade de uma segunda vaga da pandemia, leva o diretor-geral da OIT, Guy Ryder a destacar a necessidade de atenuar em larga escala os efeitos da pandemia nas economias e nas empresas. “Tal como precisamos de redobrar os nossos esforços para vencer o vírus, também precisamos de agir urgentemente e em grande escala para superar os seus impactos económicos, sociais e de emprego. Isto inclui a manutenção do apoio ao emprego, às empresas e aos rendimento”, defende.

“À medida que a Assembleia Geral das Nações Unidas se reúne em Nova Iorque, há uma necessidade premente de a comunidade internacional definir uma estratégia global para a recuperação através do diálogo, cooperação e solidariedade. Nenhum grupo, país ou região pode vencer sozinha esta crise”, acrescentou.

Fonte: OIT