No relatório “The World Employment and Social Outlook – Trends 2020”, publicado pela Organização Internacional do Trabalho o Diretor-Geral da OIT, Guy Ryder, argumenta que “a abrangência da exclusão e das desigualdades relacionadas com o trabalho impede cada vez mais as pessoas em idade ativa de encontrarem um trabalho digno e de construírem um futuro melhor”. Ryder considera que esta é uma das conclusões “extremamente preocupantes e com repercussões graves e alarmantes para a coesão social”.
Em 2019, havia no mundo 188 milhões de pessoas desempregadas, 165 milhões com emprego mal remunerado e 120 milhões sem acesso ao mercado de trabalho, ou seja, quase meio bilhão de pessoas trabalham menos horas remuneradas do que gostariam ou não têm suficiente acesso ao trabalho assalariado, segundo o novo relatório da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
O relatório destaca que o número de pessoas desempregadas deve aumentar em cerca de 2,5 milhões em 2020 “a desaceleração do crescimento económico significa que à medida que, a nível mundial, aumenta a força de trabalho, os empregos criados não são suficientes para absorver as pessoas que estão a entrar no mercado de trabalho”.
“Para milhões de pessoas comuns, é cada vez mais difícil construir uma vida melhor por meio do trabalho“, diz Guy Ryder. “As persistentes e substanciais desigualdades e exclusões relacionadas ao trabalho estão a impedir de encontrar trabalho digno e de construir um futuro melhor. Essa é uma descoberta extremamente preocupante, que tem repercussões profundas e alarmantes para a coesão social”.
O relatório mostra que o descompasso entre a oferta e a procura de trabalho se estende para além do desemprego, chegando a uma subutilização mais ampla da mão de obra.
O relatório também analisa as desigualdades no mercado de trabalho e a partir de novos dados e estimativas, mostra que, no nível global, a desigualdade é maior do que se pensava anteriormente, especialmente nos países em desenvolvimento.
Em todo o mundo, a parcela da renda nacional destinada ao trabalho (e não a outros fatores de produção) diminuiu substancialmente entre 2004 e 2017, de 54% para 51%. Essa queda significativa do ponto de vista económico é mais pronunciada na Europa, na Ásia Central e nas Américas.
A OIT alerta para o facto de a “pobreza associada ao trabalho, moderada ou extrema, poder aumentar em 2020-21 nos países em desenvolvimento, fazendo que seja mais difícil a concretização do objetivo de desenvolvimento sustentável relativo à erradicação da pobreza no mundo até 2030”, existindo cada vez mais desigualdades significativas no mercado de trabalho – de género, idade e localização geográfica que atingem sobretudo os mais novos. O relatório destaca um número impressionante de jovens, 267 milhões, entre os 15 e os 24 anos, que não trabalham nem estudam ou estão em formação, e muitos têm de se sujeitar a condições de trabalho precárias.
Fonte: OIT